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Pax et Bonum. (Paz e bem)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carnaval e Quaresma




Um novo (e, ao mesmo tempo, antigo) tempo se aproxima...
Estamos no tríduo intersticial das efemérides momescas (resumindo, carnaval), tempo de alegrias e muita festa.
Teoricamente, esse evento que arrasta as multidões tem, em si, um sentido bem interessante que, apesar de não ser levado tanto em consideração, merece a nossa atenção.

O carnaval é uma festa que remonta dos tempos mais antigos (por volta do século VI antes de Cristo), na Grécia arcaica, onde comemoravam-se as festas bacanais (o nome veio pela tradição romana do deus Baco). Era a situação em que se comemorava a festa da primavera ou o início do ano civil. O tempo foi passando e, de pouco em pouco, já em tempos cristãos, ao invés de se suprimir tais comemorações, os padres da Igreja decidiram por "incorporá-las" no calendário litúrgico. Como eram festas onde se comemorava muito, comia-se muita carne e usava-se máscaras, acabou-se aproveitando a situação para, digamos, comemorar o último dia do ano em que se poderia fazer isso, às vésperas da Quaresma, tempo de jejum e abstinência.
Hoje comemoramos o carnaval e nem sequer nos lembramos do real sentido que tem (mesmo porque muitas pessoas nem levam em consideração que, no dia seguinte, começa um período de quarenta dias de jejum e abstinência e vivem como se fosse um tempo "normal").
Não sou contra o carnaval. Quem quiser aproveitar, fique à vontade, desde que seja desfrutado com santidade e se coloque o verdadeiro sentido no coração).
O que interessa mesmo é a Quaresma, que se inicia após o carnaval, ocasião em que, segundo o Código de Direito Canônico, cân. 1251, "observem-se a abstinência e o jejum na Quarta-feria de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo".
Afinal, para que tais prescrições? Para que fazer jejum e abstinência? Para que se resguardar?
A resposta é bem simples: esse é o tempo de preparação para a maior solenidade da Igreja Católica, a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, ocasião em que se celebra Sua Ressurreição.
É por isso que, por exemplo, na missa, usa-se a cor roxa, não se canta o Glória, não se pronuncia Aleluia, não se batem palmas, não se orna a Igreja com flores coloridas, os instrumentos são moderados etc. Tudo isso para que nos resguardemos e, de certa forma, nos acostumemos com tal maneira de celebrar para que, na celebração da Grande Festa da Páscoa, possamos exaltar com a mais jubilosa alegria, ao entoarmos o Glória, cantarmos Aleluia, batermos palmas com a mais sublime solenidade, ornamentada com os matizes mais diversos e variados em flores nos ornamentos pela Ressurreição de Cristo para a Vida Eterna!
Incrível como a Igreja preza por esse acontecimento de tal forma que propõe uma mudança na nossa maneira de viver para que, quando chegar a hora, possamos exaltar com uma alegria jamais vivida antes.
Bom... Ainda estamos para começar a Quaresma, comecemos a deixar as alegrias da Páscoa para o momento em que iremos celebrá-la e vivamos como cristãos autênticos esse tempo de conversão. Que essa não seja mais uma Quaresma, mas a Quaresma de nossas vidas, a melhor de todas, aquela em que mais vivemos o verdadeiro sentido da
preparação para a Páscoa.
Este tempo nos convida fortemente à oração, à penitência e à caridade. Esforcemo-nos, pois, para que possamos ser mais fiéis a Deus, rezemos para que Ele nos ajude a ser mais santos e que possamos viver esse tempo de Graça nas nossas vidas, deixando-nos converter e ajudando aos pobres, sobretudo em espírito.

Espero poder voltar em breve para escrever
mais sobre esses tempos.

E rezemos todos a Maria, que está junto de seu filho, para que possa nos cobrir com seu manto e nos ajudar a viver esse tempo de recolhimento dignamente, ela que viu seu filho no sofrimento do Calvário e, mesmo assim, continuou até o fim e, hoje, é aclamada como Rainha do céu e da terra. Amém.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Das Catequeses de São João Crisóstomo, bispo (séc. XII)

Estive dando uma olhada nos meus arquivos antigos e achei esse belo trecho das catequeses de São João Crisóstomo, falando sobre o mistério pascal de Cristo e sua relação com toda a história. É muito bonita. Vale a pena dar uma olhada, é um texto curto.



Liturgia das Horas, vol. II - Ofício das Leituras da Sexta-feira da Paixão do Senhor, p. 415


Das Catequeses de São João Crisóstomo, bispo (séc. IV)

O poder do sangue de Cristo

Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar no sangue dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.
Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, transpassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede de um templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.
De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado transpassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.
Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue no sono de sua morte.
Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz crescer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e com o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.